2018 volta, estás perdoado
Queria dizer qualquer coisa engraçada, mas hoje não dá.
Em 2019, fui a mais funerais do que em toda a minha vida: 2 avôs, uma madrinha e um padrinho. E na passagem de ano pensei "ainda bem que este ano acabou, venha o próximo!".
Em 2020 bateu o Covid: quarentenas, restrições, teletabalho, tele-escola, decretos-lei e medidas de contenção, férias de caca, tempos de caca, irmã enfermeira em tempos de caca. O medo, a tortura de não se poder estar próximo e de dar um abraço. Sempre as mesmas notícias. Os amigos que não se vêm e que se vão perdendo. A vida que se vai perdendo, devagarinho. E na passagem de ano pensei "ainda bem que este ano acabou, venha o próximo!".
Agora, em 2021, mais Covid (mais controlado mas sem fim) e uma situação muito próxima de tormento. Quando alguém que te é tão querido, vai ao purgatório e volta, e depois vai outra vez e não sabe se vai sair. Chama-se a depressão e não tem cura. Chama-se a estabilidade familiar que acaba, os papéis que se assinam, a emocional, psicológica e física, tudo desaba.
Os antigos diziam (e quem é crente também) que Deus só dá a quem consegue aguentar. E nós ainda estamos aqui. Fortes e corajosas. O que virá a seguir?
2018 volta. Estás perdoado.