Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Sam ao Luar

Sam ao Luar

29
Set21

Desafio Arte e Inspiração - O Grito

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

O Grito de Edvard Munch.jpeg

O Grito de Edvard Munch

Para quase toda a gente neste mundo, o ano de 2001 foi marcado pela queda das Torres Gémeas, nos Estados Unidos. Uma tragédia sem igual. As imagens são impressionantes, toda a gente recorda com amargura. Foi o ano em que o mundo mudou a todos os níveis: economica, política e socialmente. De repente, passamos a odiar um povo que nem sequer conhecíamos. Guerras foram feitas, inocentes morreram, outros tantos enriqueceram e o planeta continuou a girar.

O ano de 2001 foi também marcado por um evento que apenas um povo se lembra e, mesmo assim, apenas um punhado de pessoas se recorda. A Queda da Ponte de Entre-os-Rios. Foi em Março, antes da queda das torres e é natural que um dos eventos tenha escondido o outro. Bem no fundo, no recanto obscuro da memória.

O ser humano tem a capacidade de conseguir colocar-se no lugar do próximo e sentir o que ele sente. Com esforço, consegue vivenciar tanto a alegria como a tristeza e a dor. Chama-se empatia, mas nem todos querem treiná-la. Por preguiça. É doloroso sentir as dores do outro. Quero com isto dizer que o nosso esforço permite-nos colocar no lugar de dois indivíduos diferentes: aquele que morreu dentro de uma torre em queda e que morreu rápido. Tragicamente. Ou aquele que de repente lhe viu o chão fugir debaixo dos pés, no escuro, caiu na água fria, morreu agonizando vendo os seus amigos ou família a agonizar também. E nunca mais apareceu.

Os familiares, amigos, conterrâneos daquele concelho preso junto ao rio Douro, ainda gritam em silêncio junto aos destroços de uma vida destruída pelas saudades daquelas 59 pessoas que desapareceram, das quais apenas 23 corpos foram encontrados, não sabemos em que estado, e ninguém nunca foi responsabilizado.

Todos os que lá passam, se fecharem os olhos com força, ainda conseguem ver os pequenos botes de salvamento a vaguear o rio no escuro. Os pilares ainda lá estão. Não foi construído nenhum memorial. É um lugar monstruoso, sem fé. Adormece a alma. 

27
Set21

Decisões difíceis.

Sam ao Luar

Encontrei este quiz muito interessante numa daquelas agendas muito riquinhas da Mr. Wonderful.

IMG_20210927_095409.jpg

Não questionem, achei bem partilhar as minhas preferências e convido todos a fazer o mesmo esforço de pensamento (deixem as respostas nos comentários!). Já dizia o mestre Sócrates (este, não o outro): "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses".

Boas introspeções!

1 - amor ilimitado (não tenho dinheiro ilimitado e não, e vivo na mesma)

2 - roupa interior... está lavada? Não é específico. No entanto, a escova de dentes também se passa por água corrente bem quente para matar o bichedo. Estou indecisa.

3 - chef de cozinha particular. ÓBVIO. Até gosto de conduzir. Agora ter que chegar a casa depois de um dia inteiro de trabalho e ter que cozinhar... é tortura!

4 - não tenho animais de estimação. Escolha fácil.

5 - ler mentes (gif a esfregar  as mãos...)

6 - Hogwats (para quem não conhece, Hogwarts vem dos livros do Harry Potter, Nárnia vem das crónicas, ok?)

7 - passar um ano sem internet. Adoro comer e sem dentes, torna-se uma tarefa difícil.

8 - beber água, escolha óbvia e saudável

9 - não consigo passar sem música. É a minha fuga dentro do meu próprio mundo.

10 - CREEEEDDDDOOOOO

11 - só poder usar o Insta. Também tem serviço de mensagens.

12 - não poder voltar a comer pizza. Não consigo viver sem gelado!

 

 

22
Set21

Desafio Arte e Inspiração - Noite Estrelada

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

.Stary night de Vincent Van Gogh.jpeg

Stary Night de Vincent Van Gogh

 

O José chegou de ir buscar pão fresco e bateu a porta com força. O frio de Dezembro gela ossos! 

- JOSÉÉÉÉ!!!! 

- Credo! Que foi? Onde estás? 

Seguiu a respiração arfante da Maria e foi dar com ela na casa de banho, toda molhada, uma poça enorme de água no chão. 

- Não me digas que rebentou o cano do lavatório outra vez. Xiça! Desta vez chamo o picheleiro. Estou farto destes canos velhos! 

- És mesmo trengo, José, não vês que me rebentaram as águas? 

O José arregalou os olhos e começou a correr de um lado para o outro, parecia tonto "a mala da maternidade, a muda de roupa, o ovo para o carro...". 

- Ó José, pára homem de Deus! Olha, vou tomar um banho rápido que ainda temos tempo. Agora nem sei quando vou poder lavar o cabelo outra vez!  

Pouco depois, passados tormentos a tentar descer as escadas do prédio já velho sem elevador, a entrar no pequeno carro e a tentar sentar-se confortável, já dentro do carro diz o José: 

- Ouve lá, ó Maria, desculpa mas nem consigo pensar direito... para onde vamos? 

- Ai José, tu desgastas-me. Então não ouviste o Dr. Gabriel a falar no Hospital da Estrela? Já anda a dizer isso desde que me disse que estava grávida, Zé! 

Foi um parto sagrado. Uma hora pequenina. O menino era moreninho, cabelo escurinho, 50 cm certos de comprimento e uns rechonchudos três quilos e meio de chichinha. Cheirava a bebé, como todos os outros. A Maria sentiu o turbilhão de emoções que todas as mães sentem e o José derreteu-se por dentro. 

Era já meio da tarde, a noite chegava. Os três primos (quase irmãos) do José estavam de visita. 

- Então, o caminho foi fácil? 

- Era só seguir as setas da Estrela, sabes? - disse o irmão mais novo Baltazar com ironia. 

- Então e o nome do fedelho, já decidiram? - perguntou Gaspar. 

- Jesus - disse Maria, quase soltando um pinguinho de baba de gratidão e comoção, e olhando a criança com carinho. 

- Sério?........... 

- Olha lá, até parece que o teu nome é pouco fora do vulgar! - retorquiu rapidamente o José, em defesa de sua amada Maria, deixando Melchior até um pouco atrapalhado. 

Findas as visitas e entregues os presentes, Maria viu-se sozinha no quarto. Deu graças a Deus pelo sossego. Apenas o ruído dos ares condicionados, que bufavam ar quente e pareciam os mugidos das vacas lá da aldeia. Deitou o seu anjinho no berço, beijou a mãozinha pequenina e voltou a contar os dedinhos todos. Estava tudo certo. Murmurou entre dentes e sorrisos "Estás destinado a grandes coisas, meu filho. Tenho a certeza." 

 

 

 

 

 

 

15
Set21

Desafio Arte e Inspiração - A Onda

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

"A Grande Onda de Kanagawa" de Katsushika Hokusai

"A Grande Onda de Kanagawa" de Katsushika Hokusai

Ela caminhou descalça pelo passadiço de ripas de madeira que dava acesso ao areal. Estava vento e o mar estava bravo. Desceu as pequenas escadas e colocou o pé direito na areia. Estava fria mas sabiam bem as pequenas pedrinhas entre os dedos. 

Caminhou devagarinho em direção ao mar. O vestido rendado branco dançava com o vento e enrolava-se-lhe nas pernas. O cabelo esvoaçava, os caracóis ondulantes e a salitra começava já a entranhar-se no cabelo, que começava a ficar pegajoso.  

O céu estava coberto de nuvens cinzentas e ela pensou que poderia até chover. Aproximou-se devagarinho do mar, queria fazer-lhe uma pergunta mas tinha receio. Ele hoje estava bravo. As ondas batiam fortes na areia, o barulho era quase ensurdecedor mas ela não teve medo.  

Primeiro o dedo grande do pé. A água estava fria, o mar azul escuro quase preto, a espuma envolveu-lhe os tornozelos. E a onda levou a água salgada de volta. Veio mais uma e outra e outra, fortes. Ela não arredou pé. 

Ouvia uma voz meiga ao longe, que lhe acalmava o coração. Pedia-lhe que respirasse fundo e sentisse o corpo a relaxar. Pediu-lhe para imaginar o seu lugar preferido. Ela teve coragem e fechou os olhos. Continuou a sentir a água fria nos pés e sentia que, se o mar quisesse, podia levá-la com uma simples onda bem forte. 

Ficou com os olhos fechados algum tempo, que pareceu uma eternidade e foram apenas breves instantes. Quando os abriu, o mar estava calmo. Muito calmo, sem ondas, o mar enrolava na areia com carinho e o som relaxante tschhhhh tschhhh. Perguntou-lhe “Vou ficar bem, não vou?” 

Ouviu novamente aquela voz tão familiar, que falava com carinho: “Devagarinho, vão mexer os dedos das mãos e dos pés. Respirem fundo, abram os olhos devagarinho. Quem estiver de barriga para cima, leva os joelhos ao peito. Quem estiver de lado, adota a posição fetal e devagarinho senta com as pernas cruzadas. Bom trabalho.” 

A aula terminou.  

 

Participam nno desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

 

13
Set21

Querias saber, não querias? ;)

Sam ao Luar

IMG_20210912_115213.jpg

Espero não estar a ferir nenhuma suscetibilidade, mas sorri quando li a pergunta. E quando li a resposta pensei "ficaste a saber o mesmo!"

A mulher pensa exatamente no mesmo que homem, naquilo. Se a pergunta fosse feita ao contrário, a mulher/esposa/namorada/companheira a perguntar ao homem/marido/namorado/companheiro a resposta iria ser "penso em ti, amor, claro!". Logicamente, a senhora não iria acreditar e iria seguir-se uma cena de ciúmes daquelas de acabar relacionamentos e a senhora iria ficar a saber o mesmo que sabia antes de perguntar.

Cada qual fantasia à sua maneira. Qual é o objetivo deste senhor querer entrar nesse mundo? Para fazer uma cena de ciúmes ou para matar curiosidade? Se a senhora lhe responder o padeiro, o senhor do gás, o Ronaldo ou o Neymar, o PT do ginásio ou a vizinha jeitosa do lado, o senhor vai sentir-se inferior e vai fazer uma cena. Se for para matar a curiosidade, a partir do momento em que a senhora lhe responder (uma cena qualquer) para a próxima já não vai fantasiar com o mesmo! Ó senhor, não queira entrar nesse mundo que não é seu. O senhor já não tem o seu próprio mundo? Alguém lhe perguntou o que lá está? E se alguém lhe perguntar, vai ser 100% honesto e sincero? Claro que não. Ninguém é. 

Querias saber, não querias? A sexualidade é um assunto pessoal. Pessoal significa que é só seu.

 

08
Set21

Momento "até que enfim".

Sam ao Luar

IMG_20210907_222014.jpg

O momento "até que enfim", toda a gente tem um. Nem todos os dias mas ele existe. 

Para mim, é aquele momento ao início da noite, quando já começa a ficar fresco. A cozinha arrumada, o miúdo na cama a dormir, o marido ainda a trabalhar e eu sozinha no meu "espaço". Pode ser na varanda com uma manta, pode ser no sofá com um copo de qualquer coisa alcoólico na mão. Noutros tempos, incluiria um bom livro, hoje em dia nem sempre. Na maioria da vezes, ligar às redes sociais ou aos jogos de desligar o cérebro é mais simples. Mas inclui sempre a brisa a bater no corpo, de preferência de pijama.

É aquele momento em que, sem querer, começamos a desfilar o dia e, sem querer, começamos a meditar. É o momento do hoje fiz bem, mas podia ter feito melhor. Podia ter arrumado melhor e cozinhado melhor. Podia ter sido melhor mãe, melhor esposa, melhor filha, melhor irmã, melhor dona de casa, melhor funcionária, melhor tudo. Mas fiz o bem que soube fazer. 

É o momento do já tive colegas e amigos, agora tenho as minhas "pessoas". Já tive espaços, agora tenho sítios onde sou muito feliz. Já tive ilusões, agora tenho sonhos e objetivos.

É o momento de pôr as pernas ao alto e respirar fundo. E está tudo bem. É o meu momento e eu tenho direito a ele. Ninguém entra, é só meu e lá acontece o que eu quiser. 

01
Set21

E tu, já trabalhaste num centro de explicações? - parte 1

Sam ao Luar

Blog do Arlindo - E tu,já trabalhaste num centro de explicações?

Eu posso dizer que sim. Aliás, trabalho em centros de explicações desde 2007. Sim, tenho muita experiência em vários deles e tenho direito de resposta. Aconselho a leitura na íntegra antes da leitura deste texto.

Infelizmente, lamento a experiência deste senhor nos respetivos centros onde trabalhou. No entanto, as suas experiências não são, de todo, a generalidade das situações nem de todos os centros que existe neste país. Nós, professores destas micro-empresas, já somos considerados a plebe da plebe que é considerada a classe. Com estes artigos? Num blog reconhecido nacionalmente por estar relacionado com a comunidade educacional? Só serve para denegrir o nosso trabalho, para chafurdarmos mais um bocado no meio de todas as dificuldades que atravessamos.

Assim, compreenda-se o título do meu post: parte 1. Porque sim, há tanta coisa para dizer sobre este assunto que quero prender todos os possíveis leitores, futuros e imaginários, para que todos compreendam realmente as dificuldades que estes "centros" com o nome da Doutora na porta (como diz o Sr. Arlindo) atravessam, assim como as personagens que lá desempenham funções.

Concordo com ele numa questão: há centros que funcionam em garagens e em locais mal amanhados. A culpa desta situação é dos pais que com ela estão complacentes. Eu, pessoalmente, mãe de um, não pagaria nem um cêntimo para colocar o meu filho a ter explicações/apoio pedagógico num local sem o mínimo de condições de conforto. E um dos nossos problemas começa logo aí: claro que a Doutora que mete os miúdos na garagem vai cobrar uma mensalidade mais baixa do que a senhora professora que, efetivamente, tem um centro com boas condições de higiene e comodidade. Com janelas e entrada de luz. Com as regras de segurança e higiene no trabalho exigidas. A senhora professora tem que fazer um investimento inicial maior do que Doutora que não paga a renda da própria garagem. Os pais que deixam os miúdos nestas condições de certeza não estão preocupados com o seu conforto, segurança e, muito menos, com o seu rendimento académico. Estão preocupados em entregá-los e ir buscá-los mais tarde. Só.

Fiquem atentos às cenas dos próximos capítulos. Prometo que vai continuar a ser fixe.

Mais sobre mim

foto do autor

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub