Desafio Arte e Inspiração - O Beijo
Participam no desafio: Ana D, Ana de Deus, Ana Mestre, bii yue, Célia, Concha, Cristina Aveiro, Fátima Bento Gorduchita, Imsilva, João-Afonso Machado, José da Xã, Jorge Orvélio, Luísa De Sousa, Maria, Maria Araújo, Marquesa, Mia, Marta, Olga, Peixe Frito, setepartidas
O Beijo de Gustav Klimt
Hoje em dia, mais do que nunca, percebemos que o cumprimentar de beijo, principalmente entre pessoas que nem se conhecem, é perfeitamente desnecessário. Cumprimentar de beijo a tia, a prima, o tio bêbado, o tio-avô velho (que nos enche de baba) já não se usa. Sinceramente, acho até mais interessante o "cotobeijo". E muito mais salutar, como é óbvio.
O beijo pode ficar reservado para quem realmente importa. Dar um beijo pode começar a ter muito mais significado. Já não é o simples cumprimentar, é o demonstrar afetividade genuína. É manifestar carinho por quem merece.
O ternurento beijo de boa noite aos filhos ganha torna-se um cobertor mágico de proteção contra os pesadelos e a promessa de que o dia irá chegar novamente. O beijo de coragem ao irmão. O beijo ao amigo é a confirmação de que ele realmente é importante. O beijo ao companheiro de vida dá borboletas na barriga, arrepia os pelos e faz cócegas na nuca. É o prenúncio de algo mais.
O abraço, sim, esse faz falta. Muita falta. O desejo de contacto e afeto é algo de que nunca pensamos vir a precisar. O isolamento, forçado ou não, torna-nos apáticos, insensíveis, desregulados. O homem é um ser social. Precisamos contacto social, precisamos de ser necessários e sentirmo-nos necessários. Aquele abraço ao pai e à mãe, ao aluno, ao amigo de longa data que já não vemos ao mesmo tempo, ao primo que está emigrado, ao treinador que nos mantém saudáveis física e psicologicamente. Um abraço ao próximo, sentir o coração a bater com coração porque, afinal, estamos vivos. E todos aqueles abraços que ainda gostaríamos de dar a quem cá está, a quem já não está.
Não é preciso falar, o abraço fala por si em silêncio.