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Sam ao Luar

Sam ao Luar

26
Nov21

"A mulher quer-se pequenina como a sardinha"

Sam ao Luar

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Só há pouco tempo me dei conta que o velho ditado "a mulher quer-se pequenina como a sardinha" não tem nada a ver com a altura. A mulher quer-se caladinha, diminuída, ocupada com os afazeres da casa, dos filhos e do marido, para não ter tempo para pensar e questionar, para estar demasiado cansada para isso. A mulher quer-se mal paga para ser dependente. Quer-se pouco instruída para não ser curiosa. E quer-se submissa também, em todas as vertentes da sua vida, pessoal, profissional e sexual.

Vamos mudar de ditado: a mulher quer-se grande e poderosa.

22
Nov21

A noite (que se tornou a) mais importante do ano

Sam ao Luar

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Lá no ginásio (aquele que é o mais fixe da minha zona) fazem, todos os anos, a entrega dos globos. Criam várias categorias, nomeiam várias pessoas, a malta faz campanha e depois fazem uma gala, com toda a pompa, onde se entregam os prémios. Cada qual faz o seu discurso, ficam todos muito emocionados. 

Tirando o facto de que, nos últimos 2 anos, não ter existido gala (o Covid tirou-no as possibilidades de comer, beber, conviver e curtir à grande nos últimos tempos) e de, praticamente, ser o único dia em que faço a depilação, vou ao cabeleireiro e me visto mesmo bem, este ano fui nomeada. Mentira, já tinha sido nomeada ano passado, mas olha, Covid, né?

Categoria Revelação. Entre outras categorias que existiam como assídua, simpática, atlética,... Revelação (vou deixar entoar nos vossos ouvidos...). Não vou ser "pseudo"-modesta e dizer que não merecia, as outras nomeadas trabalharam mais do que eu, blá blá blá. Eu merecia. Ponto. Todas elas perderam quilos e quilos de peso (60, 40, 30) não me interessa. Eu perdi à volta de 15 kg desde que entrei no ginásio. Só. Tinha quase 40% de massa gorda no meu corpo. Neste momento tenho menos de 25%. A massa muscular, essa sim, subiu quase aos 40% (quase, ainda vai lá chegar...). Trabalho que me farto, esforço-me que me farto, ando espalmada todas as semanas (e gosto!).

Mas nunca pensei que fosse ganhar. Eu disse no meu "discurso" (que mais pareceu um resquício de voz trémula) que nunca pensei ganhar o que quer que fosse, dada a minha incapacidade natural de fazer amigos. E já toda a gente sabe que, nestas coisas, muita gente vota pelas amizades. E estava lá muita concorrência boa.

Eu queria aquele prémio. Mesmo antes de ser nomeada. Escondi-me durante muito tempo. Com medo de ser julgada. Com medo que não gostassem de mim. Chega. Perdi a minha cara, o meu sorriso, a minha confiança, o meu à vontade. Caminhei de cabeça baixa durante muito tempo, para não ser vista. Chega. 

De repente, senti como se tivesse entrado para o grupo dos fixes da escola. Recebi cumprimentos de pessoas que eu sabia que existiam, mas que não sabiam que eu existia. Olhares e sorrisos da malta fixe do ginásio. Choveram mensagens, a fama é uma coisa engraçada... Nunca tinha sido vista antes. Foi giro, mas acabou. O meu mau-feitio vai continuar. A minha vontade é a mesma. Esta aqui vai continuar a correr de auscultadores nos ouvidos na mesma, para não perceberem que ela é surda de um lado. Que se perde nas aulas porque não consegue ouvir as instruções dos professores. Que às vezes, não cumprimenta as pessoas porque não as ouve e porque não sabe sorrir direito. E continuo a quere mais e melhor. Muito mais!

Dediquei o meu prémio o meu PT. Ele é a minha inspiração. Se eu sei que lhe pago e que sou o trabalho dele? Sim, eu sei. Mas ele entrou na minha vida quando eu estava no meu pior e foi a pessoa que mais trabalhou em mim, mesmo sendo pago para isso: me acompanhou, me compreendeu, me aturou, me falou, me aconselhou, me motivou, me espicaçou, me ralhou, me deu a sua amizade, o seu carinho, a sua atenção, me levou ao meu limite, me limpou lágrimas e me abraçou quando precisei. E me trouxe de volta... Devo-lhe quase tudo. Não sei se algum dia ele lerá estas palavras. Mas ele sabe-as. 

 

 

 

19
Nov21

Aquele cantinho de liberdade

Sam ao Luar

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Como eu gostava de ter um sítio destes só para mim!
Gostava de poder decidir se quero estar em silêncio ou a ouvir barulho. Não ter que ouvir perguntas, nem ter que dar respostas.
Gostava de poder decidir se quero estar sozinha ou acompanhada, por quem eu quiser, quando quiser, a falar do que eu quiser, a fazer o que eu quiser, ou mesmo a não fazer nada, só olhar nos olhos e sorrir.

Gostava de poder decidir o que comer, às horas que eu quiser, ou mesmo não comer. Ou poder comer torradas com manteiga, café com leite e pipocas a todas as refeição. Fazer maratonas de séries e filmes, por a leitura em dia. Voltar a tocar piano, mas sem pressões, desta vez.

Ter esta janela virada para o nascer do sol de manhã e virada para o mar e o pôr do sol, ao final do dia. Estar em paz comigo e com quem lá estivesse.

Poder andar de pijama o dia todo ou de vestido de gala, se me apetecesse. Dançar sozinha ou acompanhada, por quem eu quisesse. Apaixonar-me outra vez, sentir formigueiro na barriga e o coração a bater na boca. Tudo outra vez.

Ficar perdida no tempo. Sentir-me livre. Só uma vez.

10
Nov21

Desafio Arte e Inspiração - Cabelo perseguido por dois planetas (say what?...)

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

Cabelo perseguido por dois planetas de Joan Miró.

Cabelo perseguido por dois planetas por Joan Miró

Sou da opinião que, para tudo na vida, há duas equipas: a que anda de relógio no pulso esquerdo ou direito, as que preferem salgados ou doces, as que gostam mais de praia ou neve. Há ainda aquelas que preferem o nascer do sol ou o pôr do sol. E ainda, mais particularmente na área que me compete (que trabalha na educação) há a equipa das letras e a equipa das ciências (e o terceiro grupo marginal, os indecisos).

Sou da equipa das ciências desde que nasci. Tenho aptidão para os números. Adoro aqueles exercícios de calcular muito, que ocupam uma página inteira. O raciocínio desfia como um novelo. É saudável para a minha mente, deixa-me calma, abstrai-me do resto. Faço exercícios de matemática como terapia de relaxamento, sim, sou assim doente. Gosto de objetividade na minha vida.

Gosto também muito de ler. Principalmente livros de terror, suspense e policial. Adorei estudar certos autores na escola, como por exemplo, Fernando Pessoa e Florbela Espanca. Percebo a utilidade de estudar línguas estrangeiras e o funcionamento da nossa própria língua. Acho fundamental adquirirmos a capacidade de bem falar e escrever. Nunca percebi (era eu gaiata), no entanto, o intuito de estudar a subjetividade das coisas e acho que o estudo de determinados autores é sobrevalorizado, nos dias que correm. Hoje percebo um bocadinho melhor...

Não quero com isto dizer que o ensino das ciências seja "mais necessário" que o ensino das línguas e humanidades. Como disse, há no mundo duas equipas e as duas são necessárias. Na minha opinião, e após trabalhar com diversas colegas da equipa das línguas, que o conhecimento geral desta área e até mais alargado que o da equipa das ciências. No entanto, ninguém me tira que a equipa das ciências tem um tipo de conhecimento muito mais aprofundado e trabalhado, mais "sagrado". 

Parece-me até, e desculpem a minha arrogância, que converter um elemento da equipa das ciências a estudar humanidades e a sair-se bem é mais fácil do que o contrário. Converter um elemento da equipa das humanidades às ciências matemáticas e físicas, vai dar muito mais trabalho!

Como professora, vejo facilmente e praticamente desde o inicio, a qual das equipas pertence o meu aluno. Há surpresas, claro, e há os indecisos também. Apesar de não fazer parte do meu trabalho (porque venha quem vier, não faz) ajudo-os muitas vezes a escolher o caminho deles: em direção ao seu nascer ou pôr do sol. Trabalho que, hoje em dia, tem muito valor mas infelizmente é muito desvalorizado. 

 

 

 

03
Nov21

Daquela vez que o palhaço chorou

Sam ao Luar

Lembro-me perfeitamente de uma canção que a minha mãe cantava frequentemente, era eu ainda pequena. Lembro-me da letra, da melodia, da tristeza e da angústia contida na música. Não sei porque tal música me ficou na cabeça até aos dias de hoje. 

Mas tem dias que compreendo porque isso aconteceu. Quando sinto profunda tristeza, é nesta música que penso. Talvez a minha mãe sentisse profunda tristeza também quando a cantava, e por sentir a sua tristeza sem nada poder fazer, essa música ficou em mim gravada.

Canto-a na minha mente vezes sem conta. Não conheço o original, não sei quem canta, nem sei se a melodia que canto está correta. Mas na minha mente, tudo faz sentido. E quantas vezes me revejo na sua personagem!

 

"Daquela vez que o palhaço chorou toda a gente riu

Toda a gente riu.

E aquela dor que o palhaço mostrou, só ele sentiu

só ele sentiu.

E toda a gente, no momento, pensava

que era a brincar que o palhaço chorava.

Ninguém notou que chorava de ansiedade

e aquele pranto era mesmo verdade."

03
Nov21

Desafio Arte e Inspiração - Ilustração de Moda

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

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Ilustração de Moda de Almada Negreiros

 

E se me falha a inspiração e eu não consigo escrever nada? A fonte secou, para mim, esta semana.

Por consideração a todos os que participam neste desafio, lamento desiludir-vos e prometo que para a semana me esforçarei devidamente.

Apreciemos apenas a arte contida na pintura. Em silêncio. E imagemos que vivemos naquela época, a época da Coco Channel, dos loucos anos 20, de Fernando Pessoa e Almada Negreiros. A época do cavalheirismo.

 

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