Preparar para falhar
Lá no ginásio que, só por acaso, é o mais fixe cá da zona, eles costumam utilizar uma frase muito batida nas redes sociais "preparar para não falhar".
No que à maternidade concerne, permitam-me corrigir: "não adianta preparar porque vais falhar de qualquer maneira".
Tento ser uma mãe presente. Tento fazer o melhor, apesar de já sabermos que essas coisas não se aprendem em manuais. Tento dar preferência à família, apesar de também sabermos que o trabalho por vezes não o permite. E não é, neste caso, dar preferência ao trabalho. É assumir responsabilidades profissionais (merdosas...).
Inscrevi recentemente a minha cria num clube de futebol da terrinha. Não o consigo levar todos os dias aos treinos, mas consigo ir lá ter e trazê-lo suado e quentinho para casa. Na passada 3a feira, apesar de já ter sido falado 543 mil vezes com a entidade patronal que sairia às 18h, decidi sair um pouquinho mais tarde para ensinar a colega nova a fechar o estabelecimento e deixar tudo direitinho. E não é que, nesse preciso dia, o clube decidiu tirar a foto com o equipamento oficial? E eu não estava lá?...
Tive um ataque de choro. Dos grandes, com ranho e soluços. Racionalmente, eu sei que foi um pormenor. Que vão haver jogos e apresentações e festas de finalistas e coisas mais importantes e que eu irei lá estar. Mas o coração não estava preparado. E sentiu profundamente como se fosse uma falha. Estava preparada e falhei.
Ao que à maternidade concerne (tenho esperança que não muitas vezes) temos que preparar-nos para falhar. Ás vezes. Porque a maternidade não é infalível.