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Sam ao Luar

Sam ao Luar

22
Set21

Desafio Arte e Inspiração - Noite Estrelada

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

.Stary night de Vincent Van Gogh.jpeg

Stary Night de Vincent Van Gogh

 

O José chegou de ir buscar pão fresco e bateu a porta com força. O frio de Dezembro gela ossos! 

- JOSÉÉÉÉ!!!! 

- Credo! Que foi? Onde estás? 

Seguiu a respiração arfante da Maria e foi dar com ela na casa de banho, toda molhada, uma poça enorme de água no chão. 

- Não me digas que rebentou o cano do lavatório outra vez. Xiça! Desta vez chamo o picheleiro. Estou farto destes canos velhos! 

- És mesmo trengo, José, não vês que me rebentaram as águas? 

O José arregalou os olhos e começou a correr de um lado para o outro, parecia tonto "a mala da maternidade, a muda de roupa, o ovo para o carro...". 

- Ó José, pára homem de Deus! Olha, vou tomar um banho rápido que ainda temos tempo. Agora nem sei quando vou poder lavar o cabelo outra vez!  

Pouco depois, passados tormentos a tentar descer as escadas do prédio já velho sem elevador, a entrar no pequeno carro e a tentar sentar-se confortável, já dentro do carro diz o José: 

- Ouve lá, ó Maria, desculpa mas nem consigo pensar direito... para onde vamos? 

- Ai José, tu desgastas-me. Então não ouviste o Dr. Gabriel a falar no Hospital da Estrela? Já anda a dizer isso desde que me disse que estava grávida, Zé! 

Foi um parto sagrado. Uma hora pequenina. O menino era moreninho, cabelo escurinho, 50 cm certos de comprimento e uns rechonchudos três quilos e meio de chichinha. Cheirava a bebé, como todos os outros. A Maria sentiu o turbilhão de emoções que todas as mães sentem e o José derreteu-se por dentro. 

Era já meio da tarde, a noite chegava. Os três primos (quase irmãos) do José estavam de visita. 

- Então, o caminho foi fácil? 

- Era só seguir as setas da Estrela, sabes? - disse o irmão mais novo Baltazar com ironia. 

- Então e o nome do fedelho, já decidiram? - perguntou Gaspar. 

- Jesus - disse Maria, quase soltando um pinguinho de baba de gratidão e comoção, e olhando a criança com carinho. 

- Sério?........... 

- Olha lá, até parece que o teu nome é pouco fora do vulgar! - retorquiu rapidamente o José, em defesa de sua amada Maria, deixando Melchior até um pouco atrapalhado. 

Findas as visitas e entregues os presentes, Maria viu-se sozinha no quarto. Deu graças a Deus pelo sossego. Apenas o ruído dos ares condicionados, que bufavam ar quente e pareciam os mugidos das vacas lá da aldeia. Deitou o seu anjinho no berço, beijou a mãozinha pequenina e voltou a contar os dedinhos todos. Estava tudo certo. Murmurou entre dentes e sorrisos "Estás destinado a grandes coisas, meu filho. Tenho a certeza." 

 

 

 

 

 

 

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