Desafio Arte e Inspiração - Sobreiro
Participam no desafio: Ana D, Ana de Deus, Ana Mestre, bii yue, Célia, Concha, Cristina Aveiro, Fátima Bento Gorduchita, Imsilva, João-Afonso Machado, José da Xã, Jorge Orvélio, Luísa De Sousa, Maria, Maria Araújo, Marquesa, Mia, Marta, Olga, Peixe Frito, setepartidas
Sobreiro de D. Carlos de Bragança
Lá na aldeia, os homens preparavam-se para o descortiçamento dos sobreiros. Corria já o mês de Maio e o tempo estava quente. O José arrependeu-se de ter vestido aquela camisa de flanela mas era confortável para o trabalho que se avizinhava e, além disso, sabia que a Maria ia estar perto. Queria sentir-se apresentável.
Os homens seguiram para o sobreiral, munidos com as suas "armas" de trabalho. Era, sem dúvida, uma manifestação de virilidade. Era coisa bonita de se ver.
A Maria não conseguia parar de fitar o José ao longe e esperou pacientemente pela hora da pausa. Saiu sorrateiramente da sua sombra agradável e da companhia das senhoras da aldeia que, enquanto faziam as suas rendas de bilros, conversavam sobre a vida alheia. Piscou-lhe o olho.
Mesmo ao longe, o José adivinhou-lhe o pensamento e, com a desculpa de que ia verter águas, saiu da beira dos homens que lanchavam regueifa com chourição.
Encontraram-se junto à fonte, lá mais longe. Ela estava corada, não só do calor, mas do nervosismo e da ansiedade de se aproximar do José. Ele estava com saudades de tocar na mão dela. "Como estás?", perguntou ela baixinho. "Estás linda!", respondeu ele, roubando-lhe um beijo. Não disseram mais nada. Olharam profundamente nos olhos um do outro, adivinhando todo um futuro que os aguardava. Sentiram a brisa na cara. De mãos dadas, o tempo passou rápido demais.
José! - ouviram chamar. "Até logo, princesa". Ela corou muito. Refrescaram-se na água da fonte, para não dar a entender. Cada um regressou ao seu trabalho, aguardando impacientemente pelo dia de amanhã e por aquele pequeno momento tão grande de amor.