Mandaleiros
Sou aquele tipo de pessoa que pinta mandalas para descomprimir.
Apesar de não ter o tempo que desejaria para me dedicar a tal arte (mentirinha, passo muito tempo de glúteo prostrado no sofá a jogar Candy Crush e similares, enquanto a criança dorme), gosto da ideia de ter guardados vários livros comprados em alfarrabistas com mandalas de todos os tipos e formas.
Gosto também de comprar lápis de cor e marcadores para depois pensar que vou usá-los para colorir as minhas mandalas. Não compro de marcas muito caras, não senhor, mas também não pode ser pixebeque, senão os lápis não são macios o suficiente para fazer os degradés e os esfumados (diz ela em tom empertigado).
Tenho, no entanto, um problema gravíssimo: não sou uma pessoa criativa. Pronto, está confessado. Não consigo olhar para aquela parafernália de cores, de vários tons e subtons, e conjuga-los de forma harmoniosa. E portanto, o que me sucede quando tento pintar uma mandala é, efetivamente, mandá-las à merda porque não me consigo decidir: pinto a lápis ou a marcador? Faço de várias cores ou só com 2 (para criar um efeito sombreado...)? Escolho tons quentes ou frios… ou misturo? Fico stressada e angustiada.
A minha solução para estes problemas de país desenvolvido, que gentilmente partilho e garanto que funciona: meto a merda dos marcadores todos dentro de um saco, retiro à sorte e confio na probabilidade. O que sair é o que pinta. Outra solução é usar aquela aplicação fantástica no telemóvel de retirar números à sorte, tal lotaria das cores! Se forem de qualidade, os objetos coloridos estão numerados.
E agora, começo pelo centro ou pela periferia?
Ou então, sento o glúteo no sofá a jogar o jogo da minha preferência.