"Queres casar comigo?"
Eles caminhavam sempre todos os fins de semana: ele oferecia-lhe flores, ela enfiava-lhe o braço e davam assim a sua volta. Falavam de tudo: da semana, do trabalho, das ansiedades e da vida. Conheciam-se desde sempre ou assim parecia.
Nenhum deles tinha uma cara metade. Nunca tinham encontrado alguém que lhes falasse mais alto ao coração, ou então o destino nunca o quis. A sociedade ensinou-lhes que a amizade entre homens e mulheres é impossível e por isso, muitas vezes. eles confundiam e estranhavam os seus próprios sentimentos: amizade, respeito, companheirismo. No fundo, amavam-se daquele modo estranho que só eles entendiam. Queriam, mais do que tudo, o bem estar e a felicidade um do outro.
Ao passar por um muro recém-construído, ainda o revestimento não tinha tido tempo de secar, ele parou. Apanhou um pauzinho do chão e escreveu sem preconceitos "queres casar comigo?". Sim, eles amavam-se. Ela prometeu-lhe que, se o tempo passasse e eles continuassem sem as suas respetivas caras metades, nunca ficariam sozinhos. E mesmo que encontrassem e o mundo desse as suas voltas. Aceitou sem hesitar.
Continuaram a sua volta, desta forma, de mãos dadas.