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Sam ao Luar

Sam ao Luar

27
Out21

Desafio Arte e Inspiração - O Beijo

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

O beijo de Gustav Klimt.png

O Beijo de Gustav Klimt

Hoje em dia, mais do que nunca, percebemos que o cumprimentar de beijo, principalmente entre pessoas que nem se conhecem, é perfeitamente desnecessário. Cumprimentar de beijo a tia, a prima, o tio bêbado, o tio-avô velho (que nos enche de baba) já não se usa. Sinceramente, acho até mais interessante o "cotobeijo". E muito mais salutar, como é óbvio.

O beijo pode ficar reservado para quem realmente importa. Dar um beijo pode começar a ter muito mais significado. Já não é o simples cumprimentar, é o demonstrar afetividade genuína. É manifestar carinho por quem merece.

O ternurento beijo de boa noite aos filhos ganha torna-se um cobertor mágico de proteção contra os pesadelos e a promessa de que o dia irá chegar novamente. O beijo de coragem ao irmão. O beijo ao amigo é a confirmação de que ele realmente é importante. O beijo ao companheiro de vida dá borboletas na barriga, arrepia os pelos e faz cócegas na nuca. É o prenúncio de algo mais.

O abraço, sim, esse faz falta. Muita falta. O desejo de contacto e afeto é algo de que nunca pensamos vir a precisar. O isolamento, forçado ou não, torna-nos apáticos, insensíveis, desregulados. O homem é um ser social. Precisamos contacto social, precisamos de ser necessários e sentirmo-nos necessários. Aquele abraço ao pai e à mãe, ao aluno, ao amigo de longa data que já não vemos ao mesmo tempo, ao primo que está emigrado, ao treinador que nos mantém saudáveis física e psicologicamente. Um abraço ao próximo, sentir o coração a bater com coração porque, afinal, estamos vivos. E todos aqueles abraços que ainda gostaríamos de dar a quem cá está, a quem já não está.

Não é preciso falar, o abraço fala por si em silêncio.

 

 

 

13
Out21

Desafio Arte e Inspiração - El Sueño

Sam ao Luar

Desafio Arte e inspiração

Participam no desafio: Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, ConchaCristina AveiroFátima Bento GorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJosé da XãJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe Fritosetepartidas

El Sueno de Frida Khalo.jpeg

El Sueño por Frida Khalo

A minha infância passei-a em casa dos avós maternos com os meus primos. Sou da geração que nasceu na década de 80, éramos felizes e livres. Divertíamo-nos a atirar água aos carros que passavam com uma bisnaga, a molhar os pés no tanque grande no verão, a subir ao limoeiro que existia no meu do galinheiro e sentávamo-nos na cama grande a comer bolachas Maria e a ver a Rua Sésamo. Esmurrávamos os joelhos a andar de bicicleta e a cair, e aprendíamos assim a lidar com a dor e a vergonha de ter caído. Era a minha "casa". A minha avó fazia cevada com pão torrado com manteiga no fogão com bico de gás, ficava torrado mas não faz mal, e ainda me lembro do cheiro.

Crescemos, perdemos muita coisa. Deixamos de ser princesas, piratas, polícias e ladrões. 

Um dia a minha irmã liga-me, disse que a Cinda estava mal. Ela já estava muito doente há algum tempo. Nesse final de dia, voltei de novo à minha casa. Ela tinha os pés frios, calcei-lhe umas meias quentinhas. Sentei-me ao seu lado, peguei-lhe na mão. Agradeci-lhe por ter tomado tão bem conta de nós e ter sido uma boa avó. Ajudei o meu avô a dar-lhe a sopa.

Em casa, ao adormecer o meu filho, cantei-lhe a música "Se essa rua fosse minha" para adormecer. A minha avó faleceu doente nessa noite. Faleceu, em mim, uma parte do meu coração. Quanto ao meu avó, faleceu mais tarde, com saudades da minha avó com certeza. Eu estou feliz que eles estejam finalmente juntos. Eu sei que quando for, vou para junto deles. 

A música, quando a canto hoje, choro com saudades e sinto os meus avós junto a mim. Ensinei, entretanto, uma oração ao meu filho, que aprendi algures no tempo, e adaptei. Tenho a certeza que sempre que a diz os meus avós estão junto dele. Não sou crente, mas acredito.

"Anjo da Guarda, minha companhia,

Guarda a minha alma, de noite e de dia,

e os meus sonhos também."

 

 

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