Desafio Arte e Inspiração - Noite Estrelada
Participam no desafio: Ana D, Ana de Deus, Ana Mestre, bii yue, Célia, Concha, Cristina Aveiro, Fátima Bento Gorduchita, Imsilva, João-Afonso Machado, José da Xã, Jorge Orvélio, Luísa De Sousa, Maria, Maria Araújo, Marquesa, Mia, Marta, Olga, Peixe Frito, setepartidas
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Stary Night de Vincent Van Gogh
O José chegou de ir buscar pão fresco e bateu a porta com força. O frio de Dezembro gela ossos!
- JOSÉÉÉÉ!!!!
- Credo! Que foi? Onde estás?
Seguiu a respiração arfante da Maria e foi dar com ela na casa de banho, toda molhada, uma poça enorme de água no chão.
- Não me digas que rebentou o cano do lavatório outra vez. Xiça! Desta vez chamo o picheleiro. Estou farto destes canos velhos!
- És mesmo trengo, José, não vês que me rebentaram as águas?
O José arregalou os olhos e começou a correr de um lado para o outro, parecia tonto "a mala da maternidade, a muda de roupa, o ovo para o carro...".
- Ó José, pára homem de Deus! Olha, vou tomar um banho rápido que ainda temos tempo. Agora nem sei quando vou poder lavar o cabelo outra vez!
Pouco depois, passados tormentos a tentar descer as escadas do prédio já velho sem elevador, a entrar no pequeno carro e a tentar sentar-se confortável, já dentro do carro diz o José:
- Ouve lá, ó Maria, desculpa mas nem consigo pensar direito... para onde vamos?
- Ai José, tu desgastas-me. Então não ouviste o Dr. Gabriel a falar no Hospital da Estrela? Já anda a dizer isso desde que me disse que estava grávida, Zé!
Foi um parto sagrado. Uma hora pequenina. O menino era moreninho, cabelo escurinho, 50 cm certos de comprimento e uns rechonchudos três quilos e meio de chichinha. Cheirava a bebé, como todos os outros. A Maria sentiu o turbilhão de emoções que todas as mães sentem e o José derreteu-se por dentro.
Era já meio da tarde, a noite chegava. Os três primos (quase irmãos) do José estavam de visita.
- Então, o caminho foi fácil?
- Era só seguir as setas da Estrela, sabes? - disse o irmão mais novo Baltazar com ironia.
- Então e o nome do fedelho, já decidiram? - perguntou Gaspar.
- Jesus - disse Maria, quase soltando um pinguinho de baba de gratidão e comoção, e olhando a criança com carinho.
- Sério?...........
- Olha lá, até parece que o teu nome é pouco fora do vulgar! - retorquiu rapidamente o José, em defesa de sua amada Maria, deixando Melchior até um pouco atrapalhado.
Findas as visitas e entregues os presentes, Maria viu-se sozinha no quarto. Deu graças a Deus pelo sossego. Apenas o ruído dos ares condicionados, que bufavam ar quente e pareciam os mugidos das vacas lá da aldeia. Deitou o seu anjinho no berço, beijou a mãozinha pequenina e voltou a contar os dedinhos todos. Estava tudo certo. Murmurou entre dentes e sorrisos "Estás destinado a grandes coisas, meu filho. Tenho a certeza."
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